sábado, 26 de junho de 2010

Dia 12: 26/06/10. Villafranca del Bierzo - Triacastela. 51,6 kms.

Nossa... A cada dia que passa fica mais difícil levantar da cama. Acho que já disse isso, né? Mas tá difícil mesmo.

Ontem pra tomar banho tive que dar uma de McGiver. Grande parte dos "chuveiros" daqui são uma espécie de chuveirinho mas que têm um suporte onde você o encaixa pra poder tomar banho sem ter que ficar segurando. Acontece que no albergue em Villafranca os suportes dos 2 únicos chuveiros estavam quebrados. Pensei: não vou tomar banho segurando chuveirinho de jeito nenhum! O banho é sagrado! Nossa... Se vocês soubessem como é revitalizante o banho quente no fim do dia...

Comecei a pensar como faria pra fixar o chuveirinho no suporte quebrado. Foi aí que lembrei que tinha uns zip-ties na pochete. Perfeito! Peguei os 3, fiz uma gambiarrada danada e consegui amarrar a porcaria do chuveirinho! Agora sim! Tomei meu banho tranquilo.

Realmente não tive condições de assistir o jogo da Espanha. Estava morto. E uma chuvinha chata que resolveu cair no fim do dia foi a pá de cal na minha intenção de ver o jogo. Fui deitar. Deitei cedo. Eram 8 e pouco da noite e eu já estava capotado na cama. Bom pra poupar as energias para o tal do Cebreiro.

Acordei, com muita dificuldade. Café da manhã, antiinflamatório, arrumar as coisas, e pé na tábua. O percurso hoje prometia.

Não demorou a começar a subir. Antes do Cebreiro uma subidinha mais tranquila, seguindo a rodovia. Logo logo já passava dos 15 kms. Por volta dos 21, 22 kms é que começou a diversão!

Vamo lá! Agora é que eu quero ver! Comecei a subir. E não é que o tal do Cebreiro joga duro mesmo. Subidinha desgraçada! Mas eu também sei jogar duro. Comecei bem a subida, que por vezes dava uma suavizada (coisa pouca) e depois voltava a castigar. Cheguei a pensar em tentar zerar (subir sem parar, sem por o pé no chão) o Cebreiro, só de birra. Mas logo percebi que era insanidade e recobrei o juízo. Já na metade, depois de uns 5 kms de subida, resolvi parar um pouco. Deitei no asfalto, tomei uma água, tirei umas fotos, e recuperei as forçar pra acabar de subir.

Lembrei de quando fiz o Curso de Escalador Militar, no exército. O lema era: "Só o cume interessa!" Trocadilhos à parte, o pensamento era só esse mesmo! Chegar lá em cima. Às vezes parecia que o corpo estava no automático. Só ouvia o som da corrente rodando sempre no mesmo ritmo lento. Os quilômetros teimavam em não passar. Raça! "Quando você acha que não aguenta mais é porque ainda tem 10% pra gastar!" Outra pérola dos tempos da caserna. E foi assim que pouco a pouco fui me aproximando do topo.

Faltando ainda uns 3 kms até o Cebreiro, (que é na verdade um povoadozinho no alto do morro) eis que surge um bar! Ah! Parada certa. E olha quem estava lá... O Ezequiel! O brasileiro com quem tinha me encontrado dias atrás, nem me lembro mais onde. "Caralho! Você anda demais!", eu disse. E ele me explicou que acabou fazendo uns trechos de carro. Junto com ele estava um simpático casal de cearenses. Conversamos um pouco e logo retomamos o caminho. Mais um pouco de subida, pausa para uma foto, e me separei deles.

Subi os 2 últimos kms que faltavam e cheguei até o famoso Cebreiro. E pude dizer com orgulho: "Consegui, porra!". Vai ter que ser muito mais que um Cebreiro pra nos deter (eu e a Poderosa)! Como era cedo, resolvi ir um pouco mais além do Cebreiro.

No meio do caminho um basco me disse que Triacastela seria um bom lugar pra pernoitar. Olhei no mapa e resolvi tentar chegar até lá. Mais uns 20 kms, sendo que os 12 últimos seriam, literalmente, morro abaixo! Parti pra lá!

Na última subidinha (subidinha é bondade minha) antes desse "morro abaixo" foi muito estranho me dar conta da minha mente negociando com meu corpo. A mente dizia: "Só mais essa subida, eu garanto. Vamos lá! Só mais um pouco!" E o corpo, depois de um longo silêncio reflexivo e sem muita convicção, respondeu: "Tá bom! Vamo lá então!".

Mas no meio do caminho tinha uma pedra. Tinha uma pedra no meio do caminho e... Pá! Chão! Me estabaquei e por lá fiquei por uns 2 minutos até resolver levantar. Nada demais, só um ralado na perna. Não vai ser isso que vai me deter. Levantei, sacudi a poeira, e comecei tudo denovo! Vamos subir!

Cheguei! Agora é morro abaixo até Triacastela! E que boa parada! Logo achei um albergue com internet grátis (gasto pelo menos uns 3 euros por dia com internet) e tv pra ver o jogo das 20:30. E ainda por cima, minutos depois de eu me acomodar no albergue... Chuva! Ah, danada! Quase me pegou!

Agora é lavar umas roupas, descansar e ver o jogo das oitavas! Faltam mais 5 dias! Tamo chegando, Finisterre! Nos aguarde!















5 comentários:

Felipe disse...

Fala Jow !

borra que aventura ein, axu que o que te da mais força ae deve ser essas paisagens ne ?

to ralando muito mais sempre que volto em casa me atualizo aki no teu ritmo!

manda braza ve se compra um adesivo pra marcar a poderosa ia fikar massa !

abraço e "Buen Caminho" !

C.L disse...

Cada dia mais emocionante... Superando limites! Parabéns! Bjoo

Valentina disse...

Leco, vou dar uma de mãe: tira um dia pra descansar!!! Até Deus descansou no 7º dia!!
Beijos, amigo querido!!

Lucas Nogueira disse...

Grande, Peteleco!

Como diria o velho lobo, Zagallo, só faltam 5!!!

Abraço!

Anônimo disse...

Valeu, Bombs! O cansaço tá osso. Mas vamos em frente. É... Ela merece um adesivo mesmo. Rs... Mas a primeira coisa vai ser fazer uma revisao geral na coitada. Abraço!

Valeu, Carol! Tá quase. Quase! Bj!

Agora é tarde, Valen. Já passei do sétimo há muito tempo! Hahahahaha. Agora é "morro abaixo"! Bj!

Já se foi mais um, Ferao! Agora 4! Abraço! No final vou ter que fazer aviaozinho igual o Zagallo? Hahahaha.