sexta-feira, 1 de julho de 2011

29/06/11 - 17º dia: Cunha - Paraty. 53,3 kms.

Traumatizado com todo o frio que já tinha sentido em toda a viagem, principalmente na noite anterior, sugeri sairmos ainda mais tarde. Tomamos o café e saímos só as 8:30. A distância não seria muito grande nem a altimetria. E ainda por cima os últimos 20 e tantos kms seriam só morro abaixo.

E foi bom mesmo sair mais tarde. O sol já brilhava forte e não demorou muito pra tirar a blusa de frio. O início desse derradeiro dia de viagem começaria tranquilo, mas teria ainda uma boa cota de subidas, pra fechar com chave de ouro! Rs...

Depois dos primeiros 20 kms de terra (já subindo), pegamos uma estrada de asfalto rumo ao topo da Serra da Bocaina. Lá em cima, já na divisa dos estados de SP e RJ o asfalto acabou. Faltava muito pouco. Agora era só descer, mais uns 20 e poucos kms. Começamos a descer a Serra numa estrada de terra bem complicadinha, ora com muita pedra e buraco, ora com alguns atoleiros, e sempre com um friozinho. Algum tempo já conseguíamos avistar o mar, bem de longe. Tava quase!

Nos últimos 15 kms, mais ou menos, o asfalto reapareceu pra deixar a descida sensacional. Aí foi só largar (tomando cuidado com algumas curvas mais sinuosas) e acabar de chegar.

Nossa pousada era na Praia do Jabaquara, meio fora de mão quanto à localização em relação ao centro da cidade, mas muito boa e confortável. Depois de um belo banho fomos ao centro almoçar e já planejar a nossa volta. Descobrimos que o ônibus que ia pra Angra não levaria as bikes, era um ônibus tipo circular, sem bagageiro. Nossa opção então seria pegar um ônibus até o Rio para, de lá, tomar outro até BH. Como eu tinha compromisso em BH tivemos que agilizar essa volta. Decidimos voltar na quinta de manhã. Pegaríamos o ônibus das 9:20 para o Rio e lá tentaríamos pegar o das 14:00 para BH. Desse jeito nem deu pra pegar uma praia. Mas também não estava lá tão quente para isso.

A viagem foi incrível. Foram 18 dias (no total) de muito frio, pneus furados, fotos, poeira, enfim... Sensacional.

1.114,8 kms pedalados, mais de 27.000 metros de ascensão acumulada, mais de 43.000 calorias queimadas e inúmeras gargalhadas.

Chuchu, muito obrigado pela companhia incrível e pela paciência! Júlio e Simoni, obrigado pela presença também! Espero que já esteja 100%, Simoni!

Dados do GPS:





28/06/11 - 16º dia: Cachoeira Paulista - Cunha. 80,8 kms.

Depois de uma parada estratégica em Cachoeira Paulista para recarregar as baterias e nos preparar para o que prometia ser um dia de muita subida, partimos para o penúltimo dia da nossa aventura. Saímos um pouco mais tarde que o de costume sob o pretexto de conseguir tomar café da manhã na pousada. Mas a verdade é que eu já não aguentava passar frio de manhã (e quando digo frio é frio mesmo!). Partimos às 7:30.

A altimetria esperada era alta. A expectativa era de 1.800, 1.900, por aí. Os primeiros 12 kms foram bem tranquilos. Mas depois...

O dia em que Maria Augusta "Chuchu" pediu pra não subir mais! Depois dos 12 primeiros kms começou a nossa escalada. Subimos demais. E as subidas eram bem íngremes, com picos de 21, 22% de inclinação, por aí. Mal dava pra olhar para o GPS para ver a inclinação. O terreno estava tão difícil, com muitas pedras soltas, que uma olhadinha rápida para o Garmin já era o suficiente pra me desequilibrar. Ou seja, foi uma luta. Dos 12 aos 20 kms só subimos, e nessas condições. Nesse pedaço foi um ganho de elevação de quase 600 metros. Suava igual tampa de chaleira e as subidas pareciam ser intermináveis. Foi quando surpreendentemente ouvi a Chuchu dizer: "Não quero mais subir!". Fiquei até assustado. Quem conhece a Chuchu sabe do que estou falando. É a fã nº 1 da pirambeiras! Não que eu quisesse subir também, mas não tínhamos outra alternativa. Pra minha surpresa, que já estava com uma fome do cão, depois de tanto subir, surgiu um lugarejo no meio do caminho, São Miguel. Parada pra encher o bucho e continuar. Ainda teria muita subida pela frente.

Depois disso veio um longo trecho de sobe-e-desce. Tinha traçado um caminho alternativo, mas dando mais uma estudada no trecho no dia anterior fiquei com medo de cair numa roubada, já que a estrada por onde planejava passar não constava no mapa do GPS e poderia não ser pedalável. Por via das dúvidas preferi não arriscar. Àquela altura do campeonato não era hora para correr riscos. Seguimos em direção a Campos de Cunha (que agora parece que se chama Campos Novos) mesmo sabendo que isso iria aumentar um pouco a quilometragem. Mas pelo menos a estrada pra lá constava no GPS.

Depois de uma paradinha estratégica em Campos de Cunha para comer um resto de pizza do dia anterior e muito chocolate, caímos numa estrada de asfalto que nos levaria direto a Cunha. Mas, como de costume, subindo bastante também. O bom é que quase não passava carro nessa estrada. Parecia uma estrada particular nossa.

Mas de repente, no fim de uma das poucas descidas, na troca de marcha, clec! Meu cabo de câmbio arrebentou! Dessa vez foi o cabo do câmbio de trás. Não acreditei. A sorte é que quando o cabo dianteiro arrebentou, dias atrás, eu comprei um reserva. Mas já era por volta de 15:30 e isso iria atrasar muito a nossa vida. Parei pra trocar e logo a Chuchu chegou. Nunca tinha trocado um cabo de câmbio, apesar de, na teoria saber fazê-lo. A primeira dificuldade foi tirar o pedaço do cabo que ficou dentro do passador. O troço agarrou lá que não queria sair nem por decreto. Tive que desmontar o passador e, com um pedaço de arame, que tinha guardado não sei de onde, empurrei o danado até ele sair. Ufa! agora é só ter paciência que vai. Enquanto ia montando o sistema a Chuchu ia me ajudando e tentando não morrer de frio. Foi do dia mais frio de toda a viagem. Acho que foi o único dia em que sentimos frio o dia inteiro, apesar do sol brilhante e do céu azulzinho sem nenhuma nuvem.

Bom... Montar o sistema eu montei. O chato era regular a tensão do cabo. Mas o problema, na verdade, é que a remontagem do passador não ficou lá essas coisas. Mesmo meia-boca fiz um teste drive e vi que dava pra continuar, mesmo sem conseguir usar os dois pinhões menores. Paciência, "depois arrumo isso direito". Já estávamos correndo contra o relógio pra não chegar em Cunha à noite. Aceleramos o passo e, mais uns 20 e poucos kms de asfalto, chegamos em Cunha. A primeira providência foi procurar uma oficina de bike e comprar mais uns dois cabos de câmbio, porque pelo ritmo da coisa... Rs...

Chegamos a pousada enquanto o sol já ia embora. Fui pro quarto e, antes de qualquer coisa, desmontei o cabo de câmbio e fui fazer o serviço direito. Desmontei o passador (mesmo com medo de ao invés de melhorar o serviço por tudo a perder) e consegui ajeitar as alavancas direito. Remontei o sistema e ficou fino! Que alívio. Aproveitei pra remontar o sistema do câmbio dianteiro também que não tinha ficado 100%.

Hora do merecido banho quente, fervendo, pra espantar um frio que há tempos não sentia. E pra fechar o dia com chave de ouro, o chuveiro era uma porcaria! O negócio não esquentava direito. Tinha que fechar bem a torneira pra esquentar, e aí só saia um filetinho de água... Xinguei demais! Tremia debaixo do chuveiro. Enquanto isso a Chuchu, que já tinha tomado um banho de arrancar a pele (ela sempre pega o melhor quarto! - rs...), de tão quente, providenciava alguma coisa pra gente comer. Comemos nossa pizza e fomos dormir preparando o espírito pro gran finale.

Dados do GPS:




segunda-feira, 27 de junho de 2011

26/06/11 - 15º dia: São Lourenço - Cachoeira Paulista. 93,3 kms.

O dia prometia ser tranquilo. Baixa altimetria, baixa quilometragem... Então resolvemos acordar um pouco mais tarde pra pegar o café da manhã, já que o tio da pousada disse que não teria como conseguir antecipar nada pra gente comer antes das 7:00. Foi o que fizemos. Acordamos uma hora mais tarde, tomamos nosso café e saímos.

Percurso fácil e logo chegamos a Itanhandu. Paradinha pra um lanche rápido e pra estudar a possibilidade de esticarmos direto pra Cachoeira Paulista e suprimir um dia de viagem. Dei uma olhada na altimetria e via que seria fácil. A quilometragem também não era alta. Decidimos então não dormir em Passa Quatro e ir direto pra Cachoeira Paulista.

Em Passa Quatro, mais uma paradinha rápida pra comprar água e uns biscoitos pro resto do caminho. Quando a Chuchu estava arrumando a bagagem a bike caiu. Até aí nada de anormal, coisa corriqueira. Mas o melhor estava por vir. Quando ela estava tentando levantar a bike, veio um bebum na direção dela. Eu achei que ele ia ajudar a levantar. Ledo engano. O cara não estava se aguentando em pé, catando cavaco pra tudo quanto era lado. E foi tentar se equilibrar logo na bike da Chuchu. Foi uma cena cômica! A Chuchu de um lado tentando levantar a bike com bebum e tudo e do outro o desgraçado tentando ficar em pé. Nisso, eu que já tava fulo da vida sai xingando o cara (que não aguentava nem falar nada) e empurrando ele pra largar a bike. Quando consegui tirar ele da bike e ajudar a Chuchu a levantar... Olho pra trás e tá o cara agarrado na Poderosa! Vai se f*¨%$, bebum dos infernos! Dei uns sopapos nele e ele saiu catando os cavacos dele rua afora. Tem coisas que só acontecem com a gente mesmo!

Haveria um trecho longo de descida, perto da Serra da Mantiqueira. Seriam uns quase 20 kms só descendo. E eu estava ansioso pra começar a descer. Mas quando a tão sonhada descida apareceu... Tinha uma cara de roubada! E roubada daquelas. A estrada já começou meio ruim. Mas o pior estava por vir. Virou uma trilha beirando uma linha de trem abandonada e com uma ribanceira do outro lado. E à medida em que íamos entrando nessa tal trilha o mato ia ficando cada vez mais denso e o terreno ainda pior. Comecei a ficar preocupado. Será que seriam 20 kms daquilo? Mas algum tempo depois encontramos com 2 motoqueiros que vinham no sentido contrário. Nos disseram que a trilha acabava depois de mais uns 2 kms e que iríamos cair numa estrada de terra. Ficamos mais aliviados e a trilha foi melhorando aos poucos até cair na tal estrada. Que alívio quando chegamos nessa estrada! Daí pra frente foi praticamente só descer. Pegamos um trecho curto de rodovia e depois caímos numa estradinha de asfalto quase sem movimento.

Mas quando achamos que a cota de roubadas do dia já tinha acabado... Saindo dessa estradinha de asfalto pegamos uma estrada de terra que dava... Num buraco! Chegamos num rio que não tinha como passar. Parece que tinha caído uma ponte e o jeito era passar pelo rio. Tiramos o tênis e a sapatilha e nos preparamos pra passar. O mesmo esquema, uma bike por vez. O rio parecia até tranquilo, mas quando fomos passar... A água mal chegava aos joelhos, mas a correnteza estava forte e as bikes pesadas. Quase fomos rio abaixo! Mas uns moradores que estavam por lá nos ajudaram a atravessar. Até porque eles também queriam passar. E o jeito era desobstruir o caminho. Rs...

Cortei meu pé todo na porcaria do rio que era cheio de pedras soltas. E pra completar, saindo de Vila do Embaú ainda me enrosquei numa rabiola de papagaio! Ôh Meu Deus! Que que eu fiz pra merecer isso?

Roubadas à parte chegamos até cedo em Cachoeira Paulista, por volta das 17:00. A pousada foi uma surpresa mais que agradável. Tão agradável que decidimos ficar mais um dia pra repor as forças para os 2 últimos dias.

Estamos mortos de cansaço. Acabamos de refazer quase uma semana de viagem pra por o blog em dia. Por hoje é só. Ainda fico devendo algumas fotos. Mas conseguimos postar umas dos dias anteriores.
 
Dados do GPS (mas ele desligou e perdeu um pedaço):

25/06/11 - 14º dia: Cruzília - São Lourenço. 55,7 kms.

Dia de muito frio. Passando por Caxambú, tentamos conhecer o Parque das Águas, mas como era cedo ainda estava fechado. Seguimos com o frio castigando. De manhã pra mim é a pior parte. Só consigo melhorar o humor e o ritmo quando o sol começa a aparecer e esquentar o lombo. Acho que sou movido a luz solar.

Dia sem muitos atrativos, sem fotos e, consequentemente, sem muita coisa pra contar. A não ser, é claro, a raiva que a tia da pousada me fez passar em São Lourenço. Pra começar, quando cheguei na pousada fiquei lá na recepção em pé igual um 2 de paus, vários minutos até a desgraçada resolver ir me atender. Falei que tinha reservado 2 quartos e ela disse que só tinha um e sem banheiro. Fiquei puto e decidi ir procurar outro lugar.

Saímos pela cidade procurando, mas como era feriado estava tudo cheio. Lá pra quarta ou quinta tentativa conseguimos encontrar uma pousadinha bem meia-boca. O jeito foi ficar por lá mesmo. Nos acomodamos e quando fui sentar na cama pra dar uma descansada... Cara, tinha um moirão saindo do meu colchão! Um não, dois! Se não eram 3! Pensei: "Esse tio só pode tá de sacanagem, além de cobrar uma fortuna por um cubículo de quarto ainda me arruma esse colchão de Faquir!". Mas tudo bem, ver o Mengão goleando o Galo compensou tudo. Foi impressionante, a gente estava saindo pra jantar e vi a tv da recepção ligada no jogo. Sentei pra ver, 1 x 0 pro "Acrético". Em poucos minutos 4 x 1 pro Mengão! Sensacional!

Dados do GPS:

24/06/11 - 13º dia: Capela do Saco - Cruzília. 85,7 kms.

Dia de subir até Carrancas. E logo antes de começar a tal subida uma placa já avisava: "Só passa 4 x 4". Um cara num Gol passou por nós e perguntou se aquela estrada ia pra não sei onde. Olhei no GPS e disse que sim. Ele seguiu na nossa frente. Depois dele passou um fusquinha. Minutos depois encontramos com o mesmo cara voltando, "Lá não sobe não!". E Fusca? Nem sinal dele. Deve ter subido rebolando naquele cascalho todo e sumiu no mundo. E a gente foi atrás. Muita pedra solta e areia. A inclinação nem era o principal fator dificultador. O terreno é que tornava tudo mais complicado. Mas nada pior do que a gente já tinha enfrentado até aquele momento. Fomos com paciência e logo chegamos lá em cima. Pedalando! De lá de cima dava pra ver um mar de neblina. Paradinha em Carrancas pro segundo café e pé na estrada rumo a Cruzília.

Caminho tranquilo e logo chegamos a Cruzília. Uma parada numa loja de bikes pra comprar óleo e uns remendos de câmara de ar, já que os meus já estavam acabando (6 pneus furados!). Fomos procurar pela pousada mas achamos uma no meio do caminho e decidimos ficar por lá mesmo. Não estávamos com muita paciência pra ficar procurando e eu tinha uma certa urgência de ir à casinha! Rs...

Dados do GPS:

23/06/11 - 12º dia: Tiradentes - Capela do Saco. 66 kms.

Logo pela manhã, na hora de por os alforjes nas bikes, descobri que meu pneu traseiro estava furado. Ótimo jeito de começar o dia!
Enquanto a Chuchu ia se arrumando e tomando o café eu fui trocando o pneu e remendando a câmara furada. Isso atrasou um pouco nossa saída, uma meia-hora.

Saindo de Tiradentes pegamos mais um longo trecho daquela "deliciosa" estrada de calçamento. E como meu humor matutino nunca foi dos melhores, segui xingando até a quinta geração da criatura que teve a brilhante ideia de calçar aquela estrada. Logo chegamos a São João Del Rei.

De lá até Caquende, foi muita poeira, sol e pneu furado. Mais dois além daquele da saída em Tiradentes.

Descendo para Caquende avistamos a Represa de Camargos, que separa Caquende de Capela do Saco, cada uma de um lado. A vista era linda, uma água bem azul. Continuamos descendo e chegamos à margem da represa junto com a balsa que faz a travessia. Pegamos a balsa, ao módico preço de R$ 1,00, e em alguns poucos minutos já estávamos em Capela do Saco. A pousada era bem perto, até porque o lugar parece ser bem pequeno. Ficamos muito bem hospedados, por sinal. A Sônia, que nos recebeu na Pousada Reis, foi muito hospitaleira e nos tratou muito bem. Um dos melhores lugares em que nos hospedamos na viagem. Obrigado, Sônia.

Colocamos as tralhas nos quartos e fomos procurar algo pra comer. A Sônia estava preparando o jantar pra nós, mas como ainda estava um pouco cedo e estávamos com fome não dava pra esperar. Achamos um lugar que servia pizza e pedimos uma, na esperança de que até às 20:30 (hora do jantar) já estaríamos com fome denovo. Voltamos pra pousada e eu desmaiei e só acordei lá pras 21:30 ainda satisfeito com a pizza. Não jantei, mas a Chuchu disse que a comida estava ótima!

Dados do GPS:

22/06/11 - 11º dia: Casa Grande - Tiradentes. 76,6 kms.

Fizemos a coitada da Madalena madrugar pra fazer um café pra gente, que por sinal estava muito bom. Saímos no meio daquele frio de sempre e fomos cortando a neblina morro acima.

No caminho íamos encontrando os trabalhadores rurais que iam para o trabalho. Sempre cumprimentávamos. Alguns respondiam mais receptivos, outros nem tanto, outros resmungavam alguma coisa que mal entendíamos... E assim ia. Mas nesse dia... Passamos por um sujeito que ia com uma mochila nas costas no meio da neblina, demos nosso bom dia e continuamos a subir. Mas 1 ou 2 quilômetros depois... Eis que surge o mesmo cara na nossa frente! Na hora eu nem me toquei. Passei, dei meu bom dia e continuei. Mas logo ao passar pelo cara percebi que já tínhamos passado por ele minutos antes. Muito estranho. Esperei a Chuchu e perguntei pra ela: "Nós já passamos por esse cara, você lembra?". Ela também lembrou e eu disse a ela que era uma assombração! Ela ficou assustada e saiu correndo na frente falando: "É mentira, é mentira!", como quem diz que não quer acreditar. Mas a verdade é que não tinha como o cara aparecer na nossa frente daquele jeito. Estávamos bem mais rápidos que ele e não tinha curvas onde ele pudesse ter cortado caminho ou coisa assim. Mas o que eu ainda não tinha contado pra Chuchu, é que, depois de pensar muito sobre o assunto, eu lembrei que no intervalo entre as duas aparições do sujeito, que eu já tinha batizado de "Fantasma do João Tramela", um Fiat 147 tinha passado pela gente. A única explicação possível é que o sujeito pegou uma carona nesse carro e saltou na nossa frente. Agora... Se não foi isso...

Nesse mesmo dia, antes de chegar em Lagoa Dourada, a grande cagada da viagem. Numa estúpida tentativa de desviar de alguns poucos quilômetros de asfalto, caímos numa roubada sem precedentes. Fomos tentar achar um caminho alternativo pra fazer esse desvio e o resultado foi catastrófico. Fomos entrando pasto adentro na fazenda de um sujeito e quando vimos a cagada já não tinha muito conserto. O GPS mostrava que havia uma estrada perto e quando vimos uma cerca no alto do morro achamos que era a tal estrada. E lá fomos nós pasto acima. Empurrar já era difícil. Pedalar nem pensar. A certa altura do campeonato a Chuchu já nem empurrava a bicicleta, arrastava, de lado! E eu xingava tudo quanto era palavrão que conhecia. Que ódio! E o raio da subida não acabava, segundo a Chuchu com mato até o pescoço! Ah! Mas lá estava a cerca! Chegou! Chegou é o c%¨(*¨#&! Cadê a p&*¨%$# da estrada? "Ai, Meu Deus me dê paciência!"

Demos de frente com um eucaliptal (nem sei se se chama assim, enfim). Mas o GPS insistia que ali perto tinha uma estrada. Resolvi descer a pé o eucaliptal pra achar o raio da estrada antes de enfiarmos as bikes naquela roubada. Desci, desci, desci. Depois desci mais um pouco. E só me dei por satisfeito quando pisei na tal da estrada. Pronto, agora tinha certeza que ela realmente existia. Subi tudo denovo correndo. Pegamos as bikes e começamos a descer no meio dos eucaliptos. A Chuchu ficou presa nuns espinhos, presa mesmo. Não ia nem pra frente nem pra trás. Desagarramos a perna dela e seguimos ladeira abaixo. Era galho de eucalipto pra tudo quanto era lado. Nesse dia eu fiquei muito puto!

Mas logo chegamos à estrada e, com mais um pouco, em Lagoa Dourada. Resultado: perdemos quase duas horas com essa história.

Depois disso passamos rápido por Prados, onde por duas vezes, no mesmo lugar, tentaram atropelar La Poderosa! PQP! Um eu parei na base do grito! O outro eu tive que me jogar na traseira do carro pra salvá-la! Depois disso nunca mais estacionei La Poderosa na rua, só na calçada. Fala Sério!

Pra completar o dia nacional da roubada, demos de cara com um atoleiro medonho. Eu não tive dúvida, já tirei meu tênis e arregacei o pernito. Não estava nem um pouco a fim de atolar meu tênis na lama. Chuchu foi de sapatilha e tudo. A estratégia era passar uma bike de cada vez, até porque era a única opção. Passamos as bikes carregando enquanto íamos atolando no barro e a lama ia chegando aos joelhos. Não consegui conter o riso quando vi a perna da Chuchu desaparecendo no meio da lama. Foi uma luta mas conseguimos passar. Mas antes de calçar o tênis, uma pisadinha básica num ninho de carrapatos pólvora que encheu meu pé desses bichos amaldiçoados. Na hora nem percebi. Calcei o tênis e fomos embora. Logo nas primeiras pedaladas senti uma coceira no pé, mas não dei importância. Achei que tinha cortado o pé no mato. A Chuchu foi com o pé cheio de "Toddynho". Só fui descobrir os carrapatos lá em Tiradentes. Aí já era tarde. Já tinham devorado meu pé. Desgraça!

Chegamos em Tiradentes no final do dia (graças a roubadex do dia), mas não sem antes enfrentar uns 1.000 kms (sério, parecia que não acabava nunca) de calçamento que ligavam Bichinho (um reduto riponga) a Tiradentes. Haja "forevis"!

Dados do GPS:

21/06/11 - 10º dia: Congonhas - Casa Grande. 57,8 kms.

Bom... Depois de um século sem conseguir postar nada aqui, seja por falta de internet, seja pela não colaboração dos PC's das LanHouses, ou seja pelo cansaço excessivo, já não consigo lembrar de muita coisa. Chuchu também está puxando pela memória aqui e vamos tentar por em dia o que conseguirmos lembrar.

Pelo que me lembro foi um dia bem tranquilo, mas com direito até a single no meio do mato. Não demorou muito e chegamos a São Brás do Suaçuí, onde paramos pra tomar nosso já tradicional segundo café da manhã. Pela primeira vez consegui matar minha vontade de comer um pão na chapa. Depois do café, pegamos um solzinho na praça pra dar uma esquentada e seguimos.

Depois de São Brás pegamos um longo trecho de uma estradinha bem agradável, no meio do nada. Passamos numa escolinha abandonada e paramos para um lanche antes de chegar a Casa Grande.

Em Casa Grande, fomos muito bem recebidos pela Madalena. Mas o mesmo não podemos dizer sobre a cachorra dela, a pretinha. Que não foi muito com a nossa cara. Por falar em cachorros... Esse tem sido um capítulo à parte na viagem. Onde quer que a gente passasse eles juntavam na Chuchu e faziam uma festa. Eu já estava até desconfiado que ela estava levando um alcatra e um contra-filé nos alforjes. Rs...

Lavamos as roupas na pousada pra aproveitar o resto de sol, já que tínhamos chegado cedo lá, por volta das 14:00.

Tentamos almoçar, mas sem sucesso. Tivemos que fazer um lanchinho mesmo. Voltamos pra pousada, demos uma cochilada e mais tarde conseguimos um lugar do lado da pousada pra jantar. A mulher serviu um prato de pedreiro pra gente que a Chuchu comeu em dois tempos e eu fiquei até vesgo pra conseguir comer a metade! Depois disso fomos dormir pra mais um dia que iria começar cedo.

Dados do GPS:

segunda-feira, 20 de junho de 2011

20/06/11 - 9º dia: Santo Antônio do Leite - Congonhas. 50,3 kms.

Meu café da manhã foi o resto do mexidão de ontem com Coca-Cola! Chuchu comeu um bolo delicioso que o Alexandre nos deu de presente na noite anterior. Pé na estrada!

Seguimos uma estrada de terra até Engenheiro Correia, jogo rápido, uns 11 kms, mais ou menos. O trecho hoje prometia ser moleza, pouca subida e pouca distância. Mas sempre que o dia tem algum desvio nunca dá pra saber direito como vai ser. E hoje teria.

De Engenheiro Correia seguimos a mesma estrada sentido Miguel Burnier. E é aí que entra o desvio. Chegando na Gerdau vi que teríamos que passar por dentro da mineradora se quiséssemos cortar caminho. Conversei com o porteiro e ele liberou a passagem sem problemas. O começo foi meio ruim, muitos caminhões e muita poeira. Mas logo tomamos uma estradinha menor e começamos a descer um tanto bom. Cruzamos a linha do trem e chegamos a uma estação antiga, abandonada. Lá percebi que o caminho que tinha no GPS não existia, mas havia outra estrada que ia na mesma direção. Pegamos essa estrada, que pra nossa surpresa era muito agradável e sem uma alma viva, e seguimos. Trechinho muito bom de retas e descidas, e o pedal rendeu demais. Pouco tempo depois reencontramos os totens e logo chegamos a Congonhas, às 12:00. Água nas bikes, banho, almoço, e agora vou tirar um cochilo porque não estou me aguentando!

Dados do GPS:









19/06/11 - 8º dia: Mariana - Santo Antônio do Leite. 55,6 kms.

Para o alto e avante! De Mariana a Ouro preto foram 12 kms só de subida pelo asfalto. O frio já virou rotina e quando as subidas aparecem logo no início do dia é até bom pra esquentar. Logo logo estávamos em Ouro Preto. Paradinha pra comprar uns todinhos e seguimos. Não sem antes ouvir de um guia de turismo local que o grupo de Santa Catarina havia saído de lá de manhã cedo o que significava que encontraríamos eles em breve.

Daí pra frente a gente não sabia muito bem o que viria. Fiz umas adaptações nesse trecho pra dar uma encurtada no caminho e, consequentemente, não passar por Glaura. Mas se daria certo não sabia. Mais um pouco de asfalto saindo de Ouro Preto e logo pegamos uma entrada à direita, estrada de terra. Seguimos subindo. E muito! Quando a subida deu uma trégua descobrimos que o lugar por onde pretendíamos passar era, na verdade, uma trilha de moto cheia de valas. Vi que não dava pra ir por ali. O jeito era improvisar. Seguimos pela estrada de terra de olho o GPS. Fomos rumo a São Bartolomeu mas não chegamos a passar por lá. Pegamos um longo trecho de descida que foi só alegria! Chegamos a um lugarejo chamado Dr. Rocha Machado. Paramos para um lanche rápido e seguimos. No fim das contas o desvio acabou dando certo.

Pouco tempo depois chegamos a Cachoeira do Campo e quando menos esperávamos lá estava o pessoal de Santa Catarina. Ôh povo que anda! O grupo, que inicialmente era composto por 12 pessoas, já tinha sofrido 2 baixas, pelo que nos contou o Ferreira. Muito gente boa por sinal. Batemos um papo rápido e ele disse que também tinha feito o Caminho de Santiago há alguns anos atrás. Tentamos marcar de nos encontrar em Congonhas no dia seguinte, já que hoje eles iriam ficar por Cachoeira do Campo mesmo (e nós íamos para Santo Antônio do Leite). O Ferreira tinha dito que amanhã iriam para Congonhas, mas olhando direito o planejamento ele descobriu que na verdade só chegaria em Congonhas um dia depois. Bom... Fica pra próxima. E boa viagem para eles!

De Cachoeira do Campo a Santo Antônio do Leite foi rapidinho, uns 6 kms. Pegamos mais um desviozinho por terra e chegamos em lugarejo chamado Chapada, que na verdade é como um bairro de Santo Antônio do Leite. E era lá que iríamos ficar. Pergunta daqui, pergunta dali, e logo encontramos nossa pousada. O dono, o Alexandre, gente finíssima, nos atendeu muito bem e nos levou até nosso quarto, que na verdade era um chalezinho com dois quartos, banheiro e até cozinha. Colocamos toda a bagagem pra dentro e perguntamos ao Alexandre onde conseguiríamos um lugar pra comer, estávamos famintos. O Alexandre, muito solícito, ligou pra um conhecido que tem um restaurante e conseguiu 2 marmitex e uns refris pra gente, e delivery!

O rango chegou rápido mas como fomos tomar banho antes e armar um varal pra por as roupas pra secar, e ele acabou esfriando. Comecei a comer aquela comida já meio fria e olhei pro fogão, "vou jogar isso na panela e fazer um mexidão!". Procurei pelo fósforo e não encontrei. Então fui até a casa do Alexandre, do lado do nosso chalé, e pedi a ele. Aproveitando o embalo pedi uns ovos também. Ele me arrumou quatro ovos, um pouco de óleo, tempero e o fósforo. Voltei pro chalé e fiz os ovos mexidos e depois juntei o marmitex. Ficou fino!

Pra abusar da boa vontade do Alexandre, ainda fomos até a casa dele pra usar a internet no escritório dele. Estou tentando colocar o blog em dia mas está difícil. Nem sempre conseguimos acesso à internet, e quando conseguimos ou estamos cansados demais, ou a internet é lenta, ou não consigo baixar as fotos. Tá osso! Por isso também nem tenho conseguido responder os posts. Mas queria mandar um abraço e agradecer a todos que postaram. Tô lendo tudo! Só não tá dando tempo de responder!

Mas aí, como estava dizendo, usamos a internet na casa do Alexandre e aproveitamos pra bater mais um papo com ele. Sujeito de conversa boa e fácil. Acabamos conhecendo os filhos dele também e uma cachorra pra lá de brava! Rs... Obrigado por tudo, Alexandre!

Voltamos pra nosso chalé, assistimos um pouco de tv e logo apagamos.

Amanhã tem mais.

Dados do GPS:




domingo, 19 de junho de 2011

18/06/11 - 7º dia: Caraça - Mariana. 87,8 kms.

Começamos o dia tomando um café da manhã improvisado dentro do quarto para agilizar a saída. O café no Santuário saia muito tarde e ainda ficava longe do nosso quarto / casa. Começamos a pedalar sob aquele friozinho costumeiro, que parecia ainda mais forte por causa da descida. E que descida! Descemos tudo o que a gente tinha subido no dia anterior. Uns 10 kms. Mais tarde vi que meu cateye chegou a marcar 75 km/h! Na descida, meu câmbio dianteiro, que já vinha fraquejando, arrebentou o cabo. Apertei o parafuso do câmbio para deixar a corrente na coroa do meio e continuamos descendo. Passamos pela portaria do Parque e, logo depois, entramos numa estrada de terra para fazer um desvio rumo a Catas Altas, onde eu tentaria arrumar o câmbio dianteiro. Sabendo que isso ia nos atrasar demos uma acelerada no "passo". O desvio foi ótimo para encurtar o caminho. Mas... Numa descida chegando ao Bicame de Pedra, a Simoni resolveu comprar mais um terreno. Maldita especulação imobiliária! Brincadeiras à parte, o tombo não foi bonito. Eu não vi. Na verdade acho que ninguém viu. Mas ela se machucou bastante. Parece que mergulhou no cascalho. Ficou com um galo considerável na cabeça e arranhões no nariz, nos braços e nas pernas. Nos encontramos todos no Bicame e prestamos os primeiros socorros lá. A Simoni disse que dava pra continuar. Estávamos perto de Catas Altas já, mas ficamos preocupados. Seguimos devagar já planejando o que faríamos. A ideia era mandá-la pra BH para fazer alguns exames e ter a certeza de que não foi nada mais grave.

Chegando em Catas Altas, então, nos dividimos para agilizar. Fui procurar um lugar onde pudesse arrumar o câmbio enquanto o resto do pessoal foi para o posto de saúde. A enfermeira disse que o ideal era fazer uma tomografia. Mas decidimos que o melhor era ela ir para BH e fazer os exames por lá. Até porque ela não teria mais condições de prosseguir, ainda que nada de grave fosse constatado, porque estava com muitas dores pelo corpo. O Júlio se dispôs a acompanhá-la até BH. Fizemos um lanche rápido e nos despedimos dos dois. Saímos correndo porque com tantos imprevistos o tempo correu e a gente também teria que fazê-lo se quiséssemos chegar a  Mariana ainda de dia. Sentamos a bota e conseguimos chegar em Mariana às 16:20. Entre mortos e feridos salvaram-se todos.

Chuchu conseguiu falar com a Simoni por telefone e ela disse que chegou bem em BH e que estava indo ao hospital. Melhoras, Simoni!

Dados do GPS:

sábado, 18 de junho de 2011

17/06/11 - 6º dia: Bom Jesus do Amparo - Caraça. 74,8 kms.

Arrumamos tudo e saímos rumo ao Santuário do Caraça. Primeiro dia de Simoni e Júlio com a gente. Logo de início fizemos mais um desvio de rota, não sei bem o porque desse desvio, se era pra fugir de asfalto ou encurtar caminho, porque fiz o estudo das rotas há alguns meses e não me lembro mais detalhes os detalhes dos trechos.

Mas o que eu sei é que esse desvio valeu bem a pena. Pegamos uma estradinha muito legal, com uma paisagem bem agradável, apesar da forte neblina que demorou a desaparecer.

La Poderosa já estava dando sinais de cansaço. O pedal direito, que há alguns meses já estava com uma folga, começou a fazer um barulhinho um tanto quanto desagradável. E à medida em que o tempo ia passando o barulho ia piorando, e eu já estava ficando louco! Passando por Cocais procurei por uma loja de bike mas não tinha. Então o jeito era aguentar esse raio desse barulho mais alguns quilômetros até Barão de Cocais. Pouco antes de Barão a Simoni resolveu comprar um terreninho, acho que alguém disse pra ela que aquela área estava muito valorizada. Rs... Foi numa subida e só vi a poeirinha levantando e ela estabacada lá no chão, coitada. Eu ainda estava um pouco atrás e não deu pra chegar a tempo de ajudar. Mas logo ela se levantou e a Chuchu, que estava na frente, voltou pra dar uma força. Parece que não foi nada sério mas a mão dela ficou um pouco dolorida. E parece que era o dia das alterações. Mais alguns metros adiante meu pneu furou. Um espinhozinho de nada. Troquei e seguimos, loucos pra achar a tal loja de bicicleta, ninguém aguentava mais o clec-clec da Poderosa.

Chegando em Barão encontramos o Alex, biker que acabou sendo nosso guia pela cidade. Nos levou até duas lojas de bike. Na segunda consegui comprar um pedal novo. Ajudei o rapaz da loja a trocar e aproveitamos pra tentar dar um jeito no descanso da Simoni. Mas nada feito. O descanso não servia na bike dela, mas na da Chuchu... Colocamos o descanso na bike da Chuchu e encaixou igual dedo no nariz! Alex ainda nos guiou até um restaurante pra enchermos o bucho. Valeu pela atenção, Alex!

Partimos de vez para o Caraça. E a gente mal sabia o que nos esperava. Sabíamos que seria uma bela de uma subida. Mas foi bem pior que isso! Que subidinha desgraçada. Foram 10 kms subindo, quase que sem parar, desde a entrada do Parque até o Santuário. O Júlio, que não conseguiu reservar hospedagem no Santuário junto com a gente, ficou logo na porta do Parque, numa pousada, e se safou dessa escalada. Começamos a subir, subir, subir... O "forevis" já tava que tava e a subida não acabava. À medida em que acumulávamos altitude, o frio apertava e a luz diminuía. Hora de começar a por as lanternas pra fora. A subida era tão desgraçada que até o GPS cansou, não lia mais altitude, não gerava mais gráfico de altimetria, nem acusava o grau de inclinação. Mas tenho pra mim que passou dos 20% fácil, em alguns trechos.

Chegamos lá em cima no início da noite. Fomos pra quarto correndo pra tomar banho e tentar pegar o jantar que parava de ser servido às 19:30. Foi a conta certinha. Depois disso ainda fizemos um plantãozinho pra tentar ver o tal do Lobo Guará, mas nada feito. Uma criançada barulhenta que tomava conta do lugar acabou espantando o Lobo. Mas nos disseram que ele já tinha passado por lá e já estava de barriga cheia. Tomamos um cházinho de erva cidreira pra esquentar e corremos pro quarto pra dormir. Estávamos mortos. Achei que íamos morrer de frio mas as 546 cobertas que encontramos no quarto conseguiram espantar o frio daquele buraco onde a gente tava (uma casinha antes da ponte).

Dados do GPS:









16/06/11 - 5º dia: Itambé do Mato Dentro - Bom Jesus do Amparo. 52,7 kms.

Madrugamos denovo, mesmo sabendo que o dia não ia ser tão puxado quanto os últimos. Mas a ideia era chegar cedo em Bom Jesus para dar um trato nas bikes, uma descansada e esperar a chegada da Simoni e do Júlio, amigos do MTB-BH que nos encontrariam lá para percorrer uma parte da Estrada com a gente.

O dia não foi de paisagens muito bonitas. E por isso não estive muito inspirado para as fotos. Na verdade, acho que não fiz nenhumazinha.

De Senhora do Carmo a Ipoema demos uma desviada da rota original da ER pra escapar um pouco do asfalto. Mas mesmo fazendo esse desvio encontramos muitas obras de asfaltamento. Em determinado momento nos deparamos com um trechinho praticamente impedalável. Estavam passando máquinas e a terra estava solta. Tivemos que ir seguindo pelo sulco formado pela roda de um dos tratores. Mas foi tranquilo.

Em Ipoema demos uma paradinha na praça para esticar as pernas e economizar um pouco o "forevis", que já estava pedindo arrego. Chuchu foi tomar uma Coca enquanto eu deitei no banco da praça. Mas logo levantei e disse: "Vamos embora porque se eu ficar mais 5 minutos aqui eu vou dormir!". Aprontamos pra sair e um tiozinho chegou puxando assunto. Disse que costumava pedalar até não sei onde e tal... Proseamos um pouco com ele e seguimos nosso rumo.

Chegamos em Bom Jesus bem cedo, eram 1:30 da tarde. Achamos a pousada fácil, mas os quartos ainda não estavam prontos. Acho que o pessoal não esperava que chegássemos tão cedo assim por lá. Na verdade acho que nem a gente também não esperava chegar tão cedo. Enquanto o pessoal acabava de arrumar os quartos a gente desceu (e põe desceu nisso) até um posto de gasolina para dar um jato nas bikes.

Na descida encontramos o meu xará que viu a gente passar e nos gritou. Ele estava acompanhando nossa viagem pelo blog e já havíamos conversado pela net. Não pudemos dar muita atenção para ele porque estávamos morrendo de fome.

Aí tivemos que subir tudo denovo... De volta a pousada tomamos um banho e descemos denovo, dessa vez a pé, pra arrumar um lugar pra almoçar. Mas como já eram 3 e tanto da tarde já não tinha almoço e o jeito foi comer uns salgados mesmo. Encontramos com o Fernando denovo e batemos um bom papo enquanto "almoçávamos" (foi um prazer, meu caro).Voltamos pra pousada. Deitei com a tv ligada na sessão da tarde e desmaiei até o cara da pousada bater na minha porta avisando da chegada da Simoni e do Júlio. Chegaram animados, se acomodaram nos nossos quartos, tomaram um banho e saímos todos para jantar. De barriga cheia caímos na cama para descansar.

Quanto as fotos, fico devendo hoje.

Os dados do GPS:

quarta-feira, 15 de junho de 2011

15/06/11 - 4º dia: Conceição do Mato Dentro - Itambé do Mato Dentro. 65,5 kms.

Hoje saímos bem cedo denovo porque a altimetria seria pesada mais uma vez. Acordamos às 5:00 e saímos às 6:00. E a essa hora nem tem muito jeito de tomar café da manhã. Mas o Homero, nosso anfitrião, deixou dois sandubas prontos pra gente. Ótimo! Comemos e saímos.

Muito frio e muita neblina na saída de Conceição. Muito mesmo! Acho que até agora foi o dia em que senti mais frio. Mas logo as subidas foram nos aquecendo. O problema é que era um sobe desce danado, e quando chegava na hora de descer... O vento parecia congelar os ossos!

Logo chegamos a Morro do Pilar, e bem na entrada da cidade avistamos uma lojinha dessas que vendem de tudo. A Chuchu tinha perdido a echarpe dela a dois dias e não parava de resmungar. Então paramos e ela perguntou a senhora se ela tinha echarpe. Ela disse que não. Mas vi que vendia tecidos. Pedimos ela pra cortar um pedaço de pano de, mais ou menos, 1 metro por 20 centímetros e... Voilà! Uma echarpe novinha saindo! Rs...

Fizemos uma boquinha na padaria e seguimos. De Morro do Pilar a Itambé do Mato Dentro seriam uns 33 kms sem outra cidade no caminho. Então compramos umas coisinhas pra comer pelo caminho.
Demorou um pouco para o sol aparecer de vez e a neblina ficar pra trás. Mas também depois que apareceu não nos abandonou mais. Céu bem azul e, à medida em que as horas avançavam e as subidas iam surgindo no horizonte, o calor ia castigando. Subimos, subimos e subimos. E comemos muita poeira!

Conseguimos chegar cedo em Itambé e, enfim, fazer a primeira manutenção nas magrelas! Coitadas! Uma lavagem rápida, principalmente na relação e na corrente, e antes de dormir um óleozinho pra finalizar.

Nossa pousada em Itambé é ótima e os donos são incríveis. Rodaram o Brasil todo de motohome e conhecem vários cantos do mundo. A Rosália, dona da pousada, esposa do Mário, disse que eles acabaram de voltar de Santiago de Compostela há algumas semanas. Eles não chegaram a fazer o Caminho de Santiago, mas foram até a catedral e adoraram. Nos contaram que existe um grupo há uns 2 ou 3 dias de distância da gente. Estão indo a pé, alguns deles até Paraty também. Já vínhamos ouvindo falar deles há uns dois dias e acho que logo vamos encontrá-los. Parece que é um grupo de mais de 10 pessoas, do sul do Brasil. Nos disseram que eles vão gastar 47 dias para completar toda a estrada, até Paraty.

Bom... Por hoje é isso. Ainda quero tentar ver a final da Libertadores. Rs...

Dados do GPS:
http://connect.garmin.com/activity/92652869