Fizemos a coitada da Madalena madrugar pra fazer um café pra gente, que por sinal estava muito bom. Saímos no meio daquele frio de sempre e fomos cortando a neblina morro acima.
No caminho íamos encontrando os trabalhadores rurais que iam para o trabalho. Sempre cumprimentávamos. Alguns respondiam mais receptivos, outros nem tanto, outros resmungavam alguma coisa que mal entendíamos... E assim ia. Mas nesse dia... Passamos por um sujeito que ia com uma mochila nas costas no meio da neblina, demos nosso bom dia e continuamos a subir. Mas 1 ou 2 quilômetros depois... Eis que surge o mesmo cara na nossa frente! Na hora eu nem me toquei. Passei, dei meu bom dia e continuei. Mas logo ao passar pelo cara percebi que já tínhamos passado por ele minutos antes. Muito estranho. Esperei a Chuchu e perguntei pra ela: "Nós já passamos por esse cara, você lembra?". Ela também lembrou e eu disse a ela que era uma assombração! Ela ficou assustada e saiu correndo na frente falando: "É mentira, é mentira!", como quem diz que não quer acreditar. Mas a verdade é que não tinha como o cara aparecer na nossa frente daquele jeito. Estávamos bem mais rápidos que ele e não tinha curvas onde ele pudesse ter cortado caminho ou coisa assim. Mas o que eu ainda não tinha contado pra Chuchu, é que, depois de pensar muito sobre o assunto, eu lembrei que no intervalo entre as duas aparições do sujeito, que eu já tinha batizado de "Fantasma do João Tramela", um Fiat 147 tinha passado pela gente. A única explicação possível é que o sujeito pegou uma carona nesse carro e saltou na nossa frente. Agora... Se não foi isso...
Nesse mesmo dia, antes de chegar em Lagoa Dourada, a grande cagada da viagem. Numa estúpida tentativa de desviar de alguns poucos quilômetros de asfalto, caímos numa roubada sem precedentes. Fomos tentar achar um caminho alternativo pra fazer esse desvio e o resultado foi catastrófico. Fomos entrando pasto adentro na fazenda de um sujeito e quando vimos a cagada já não tinha muito conserto. O GPS mostrava que havia uma estrada perto e quando vimos uma cerca no alto do morro achamos que era a tal estrada. E lá fomos nós pasto acima. Empurrar já era difícil. Pedalar nem pensar. A certa altura do campeonato a Chuchu já nem empurrava a bicicleta, arrastava, de lado! E eu xingava tudo quanto era palavrão que conhecia. Que ódio! E o raio da subida não acabava, segundo a Chuchu com mato até o pescoço! Ah! Mas lá estava a cerca! Chegou! Chegou é o c%¨(*¨#&! Cadê a p&*¨%$# da estrada? "Ai, Meu Deus me dê paciência!"
Demos de frente com um eucaliptal (nem sei se se chama assim, enfim). Mas o GPS insistia que ali perto tinha uma estrada. Resolvi descer a pé o eucaliptal pra achar o raio da estrada antes de enfiarmos as bikes naquela roubada. Desci, desci, desci. Depois desci mais um pouco. E só me dei por satisfeito quando pisei na tal da estrada. Pronto, agora tinha certeza que ela realmente existia. Subi tudo denovo correndo. Pegamos as bikes e começamos a descer no meio dos eucaliptos. A Chuchu ficou presa nuns espinhos, presa mesmo. Não ia nem pra frente nem pra trás. Desagarramos a perna dela e seguimos ladeira abaixo. Era galho de eucalipto pra tudo quanto era lado. Nesse dia eu fiquei muito puto!
Mas logo chegamos à estrada e, com mais um pouco, em Lagoa Dourada. Resultado: perdemos quase duas horas com essa história.
Depois disso passamos rápido por Prados, onde por duas vezes, no mesmo lugar, tentaram atropelar La Poderosa! PQP! Um eu parei na base do grito! O outro eu tive que me jogar na traseira do carro pra salvá-la! Depois disso nunca mais estacionei La Poderosa na rua, só na calçada. Fala Sério!
Pra completar o dia nacional da roubada, demos de cara com um atoleiro medonho. Eu não tive dúvida, já tirei meu tênis e arregacei o pernito. Não estava nem um pouco a fim de atolar meu tênis na lama. Chuchu foi de sapatilha e tudo. A estratégia era passar uma bike de cada vez, até porque era a única opção. Passamos as bikes carregando enquanto íamos atolando no barro e a lama ia chegando aos joelhos. Não consegui conter o riso quando vi a perna da Chuchu desaparecendo no meio da lama. Foi uma luta mas conseguimos passar. Mas antes de calçar o tênis, uma pisadinha básica num ninho de carrapatos pólvora que encheu meu pé desses bichos amaldiçoados. Na hora nem percebi. Calcei o tênis e fomos embora. Logo nas primeiras pedaladas senti uma coceira no pé, mas não dei importância. Achei que tinha cortado o pé no mato. A Chuchu foi com o pé cheio de "Toddynho". Só fui descobrir os carrapatos lá em Tiradentes. Aí já era tarde. Já tinham devorado meu pé. Desgraça!
Chegamos em Tiradentes no final do dia (graças a roubadex do dia), mas não sem antes enfrentar uns 1.000 kms (sério, parecia que não acabava nunca) de calçamento que ligavam Bichinho (um reduto riponga) a Tiradentes. Haja "forevis"!
Dados do GPS:
4 comentários:
galera vcs sao herois! se eu nao soubesse da seriedade de vcs, da viagem, do autoconhecimento em outras terras; eu diria: "que programa de indio!" continuo torcendo por vcs... abraço do fernando goncalves ( bom jesus do amparo-mg )estrada real
hahahhahahah. Rachei de rir com o fantasma e os carrapatos!!!! Nao tirou foto do pé?? hehehe
Esse pé ficou de catapora rsrsrsrs!!! Tadim de vc Chuchu!!
Tô me deliciando com os relatos! Fernando, você escreve muito bem! Agora foi sorte não estar com vocês nesse dia, hein? Os "pés de toddynho" devem ter sido bem engraçados, kkkkkkkkkkk! Como se já não estivessem perebentos o suficiente! Ops, falei!
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