sexta-feira, 1 de julho de 2011

29/06/11 - 17º dia: Cunha - Paraty. 53,3 kms.

Traumatizado com todo o frio que já tinha sentido em toda a viagem, principalmente na noite anterior, sugeri sairmos ainda mais tarde. Tomamos o café e saímos só as 8:30. A distância não seria muito grande nem a altimetria. E ainda por cima os últimos 20 e tantos kms seriam só morro abaixo.

E foi bom mesmo sair mais tarde. O sol já brilhava forte e não demorou muito pra tirar a blusa de frio. O início desse derradeiro dia de viagem começaria tranquilo, mas teria ainda uma boa cota de subidas, pra fechar com chave de ouro! Rs...

Depois dos primeiros 20 kms de terra (já subindo), pegamos uma estrada de asfalto rumo ao topo da Serra da Bocaina. Lá em cima, já na divisa dos estados de SP e RJ o asfalto acabou. Faltava muito pouco. Agora era só descer, mais uns 20 e poucos kms. Começamos a descer a Serra numa estrada de terra bem complicadinha, ora com muita pedra e buraco, ora com alguns atoleiros, e sempre com um friozinho. Algum tempo já conseguíamos avistar o mar, bem de longe. Tava quase!

Nos últimos 15 kms, mais ou menos, o asfalto reapareceu pra deixar a descida sensacional. Aí foi só largar (tomando cuidado com algumas curvas mais sinuosas) e acabar de chegar.

Nossa pousada era na Praia do Jabaquara, meio fora de mão quanto à localização em relação ao centro da cidade, mas muito boa e confortável. Depois de um belo banho fomos ao centro almoçar e já planejar a nossa volta. Descobrimos que o ônibus que ia pra Angra não levaria as bikes, era um ônibus tipo circular, sem bagageiro. Nossa opção então seria pegar um ônibus até o Rio para, de lá, tomar outro até BH. Como eu tinha compromisso em BH tivemos que agilizar essa volta. Decidimos voltar na quinta de manhã. Pegaríamos o ônibus das 9:20 para o Rio e lá tentaríamos pegar o das 14:00 para BH. Desse jeito nem deu pra pegar uma praia. Mas também não estava lá tão quente para isso.

A viagem foi incrível. Foram 18 dias (no total) de muito frio, pneus furados, fotos, poeira, enfim... Sensacional.

1.114,8 kms pedalados, mais de 27.000 metros de ascensão acumulada, mais de 43.000 calorias queimadas e inúmeras gargalhadas.

Chuchu, muito obrigado pela companhia incrível e pela paciência! Júlio e Simoni, obrigado pela presença também! Espero que já esteja 100%, Simoni!

Dados do GPS:





28/06/11 - 16º dia: Cachoeira Paulista - Cunha. 80,8 kms.

Depois de uma parada estratégica em Cachoeira Paulista para recarregar as baterias e nos preparar para o que prometia ser um dia de muita subida, partimos para o penúltimo dia da nossa aventura. Saímos um pouco mais tarde que o de costume sob o pretexto de conseguir tomar café da manhã na pousada. Mas a verdade é que eu já não aguentava passar frio de manhã (e quando digo frio é frio mesmo!). Partimos às 7:30.

A altimetria esperada era alta. A expectativa era de 1.800, 1.900, por aí. Os primeiros 12 kms foram bem tranquilos. Mas depois...

O dia em que Maria Augusta "Chuchu" pediu pra não subir mais! Depois dos 12 primeiros kms começou a nossa escalada. Subimos demais. E as subidas eram bem íngremes, com picos de 21, 22% de inclinação, por aí. Mal dava pra olhar para o GPS para ver a inclinação. O terreno estava tão difícil, com muitas pedras soltas, que uma olhadinha rápida para o Garmin já era o suficiente pra me desequilibrar. Ou seja, foi uma luta. Dos 12 aos 20 kms só subimos, e nessas condições. Nesse pedaço foi um ganho de elevação de quase 600 metros. Suava igual tampa de chaleira e as subidas pareciam ser intermináveis. Foi quando surpreendentemente ouvi a Chuchu dizer: "Não quero mais subir!". Fiquei até assustado. Quem conhece a Chuchu sabe do que estou falando. É a fã nº 1 da pirambeiras! Não que eu quisesse subir também, mas não tínhamos outra alternativa. Pra minha surpresa, que já estava com uma fome do cão, depois de tanto subir, surgiu um lugarejo no meio do caminho, São Miguel. Parada pra encher o bucho e continuar. Ainda teria muita subida pela frente.

Depois disso veio um longo trecho de sobe-e-desce. Tinha traçado um caminho alternativo, mas dando mais uma estudada no trecho no dia anterior fiquei com medo de cair numa roubada, já que a estrada por onde planejava passar não constava no mapa do GPS e poderia não ser pedalável. Por via das dúvidas preferi não arriscar. Àquela altura do campeonato não era hora para correr riscos. Seguimos em direção a Campos de Cunha (que agora parece que se chama Campos Novos) mesmo sabendo que isso iria aumentar um pouco a quilometragem. Mas pelo menos a estrada pra lá constava no GPS.

Depois de uma paradinha estratégica em Campos de Cunha para comer um resto de pizza do dia anterior e muito chocolate, caímos numa estrada de asfalto que nos levaria direto a Cunha. Mas, como de costume, subindo bastante também. O bom é que quase não passava carro nessa estrada. Parecia uma estrada particular nossa.

Mas de repente, no fim de uma das poucas descidas, na troca de marcha, clec! Meu cabo de câmbio arrebentou! Dessa vez foi o cabo do câmbio de trás. Não acreditei. A sorte é que quando o cabo dianteiro arrebentou, dias atrás, eu comprei um reserva. Mas já era por volta de 15:30 e isso iria atrasar muito a nossa vida. Parei pra trocar e logo a Chuchu chegou. Nunca tinha trocado um cabo de câmbio, apesar de, na teoria saber fazê-lo. A primeira dificuldade foi tirar o pedaço do cabo que ficou dentro do passador. O troço agarrou lá que não queria sair nem por decreto. Tive que desmontar o passador e, com um pedaço de arame, que tinha guardado não sei de onde, empurrei o danado até ele sair. Ufa! agora é só ter paciência que vai. Enquanto ia montando o sistema a Chuchu ia me ajudando e tentando não morrer de frio. Foi do dia mais frio de toda a viagem. Acho que foi o único dia em que sentimos frio o dia inteiro, apesar do sol brilhante e do céu azulzinho sem nenhuma nuvem.

Bom... Montar o sistema eu montei. O chato era regular a tensão do cabo. Mas o problema, na verdade, é que a remontagem do passador não ficou lá essas coisas. Mesmo meia-boca fiz um teste drive e vi que dava pra continuar, mesmo sem conseguir usar os dois pinhões menores. Paciência, "depois arrumo isso direito". Já estávamos correndo contra o relógio pra não chegar em Cunha à noite. Aceleramos o passo e, mais uns 20 e poucos kms de asfalto, chegamos em Cunha. A primeira providência foi procurar uma oficina de bike e comprar mais uns dois cabos de câmbio, porque pelo ritmo da coisa... Rs...

Chegamos a pousada enquanto o sol já ia embora. Fui pro quarto e, antes de qualquer coisa, desmontei o cabo de câmbio e fui fazer o serviço direito. Desmontei o passador (mesmo com medo de ao invés de melhorar o serviço por tudo a perder) e consegui ajeitar as alavancas direito. Remontei o sistema e ficou fino! Que alívio. Aproveitei pra remontar o sistema do câmbio dianteiro também que não tinha ficado 100%.

Hora do merecido banho quente, fervendo, pra espantar um frio que há tempos não sentia. E pra fechar o dia com chave de ouro, o chuveiro era uma porcaria! O negócio não esquentava direito. Tinha que fechar bem a torneira pra esquentar, e aí só saia um filetinho de água... Xinguei demais! Tremia debaixo do chuveiro. Enquanto isso a Chuchu, que já tinha tomado um banho de arrancar a pele (ela sempre pega o melhor quarto! - rs...), de tão quente, providenciava alguma coisa pra gente comer. Comemos nossa pizza e fomos dormir preparando o espírito pro gran finale.

Dados do GPS: